Empreendimentos

terça-feira, 20 de setembro de 2011

MANTICORE, A EDUCAÇÃO QUE TE DEVORA


             
Se os tubarões fossem homens (...) também haveria escolas (...) nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. 
Bertold Brecht
           

Como uma fera canibal e faminta, um verdadeiro e monstruoso Manticore, a tradicional Educação desde muito tempo foi um agente por demais limitado; impediu o desenvolvimento do ser humano como um todo; bloqueou parte essencial de sua expressão, inteligência e criatividade.
  O livro “O Resgate do Corpo Perdido”, em seu prefácio, nos dá uma ideia de como tudo começou. Vejamos um trecho:




“A ciência, por sua vez, surgia como um novo benfeitor, prometendo maravilhas ao homem. (...) supervalorizaria o mundo material, o físico, tudo o que pudesse ser visto pelos olhos e tocado pelas mãos.
 Neste processo a ciência colocava em primeiro plano e mente e o intelecto, a análise imparcial, quase fria, para alcançar a verdade. Em nome dessa clareza científica, o conhecimento, a pesquisa e a educação deveriam ser realizadas com “seriedade”,  ou seja, com afastamento emocional. (...) O mais puro intelecto, este novo deus, deveria surpreender e sobrepujar a emoção, considerada perigosa e incerta; e o cientista, sábio ou estudante eram incentivados a se transformarem em um grande, pesado cérebro, de onde seus corpos deveriam pender sem “excessos”, ou seja, na verdade limitados em sua emotividade e sensações, castrados em sua relação com o mundo.”

Ou seja, no campo da educação exigia-se uma seriedade  e racionalização excessivas, e assim ficavam para trás outros fatores importantes no desenvolvimento do ser humano, como a imaginação, a necessidade de se entusiasmar e mesmo de se divertir. Embora possa parecer um tanto estranho mencionar estudo e diversão como sinônimos, isto na verdade não é algo impossível ou inadequado. Apenas a nossa cultura, a nossa sociedade nos levou a pensar assim. O estudo nos foi constantemente apresentado como algo difícil que precisamos forçosamente engolir. Fomos ensinados que é preciso muito esforço para se aprender. Em outras palavras, que é um trabalho duro, que se é preciso suar e sofrer. E durante muito tempo não cogitou-se desenvolver-se meios para despertar a criatividade e o prazer, a fim de que o conhecimento pudesse ser melhor e mais facilmente apreendido. O grande Bertold Brecht, genial escritor e diretor alemão de peças de teatro, foi um dos que não aceitaram separar a educação do divertimento e do prazer. Escrevendo magníficas peças de teatro, sempre se preocupou em transmitir lições e aprendizados sobre a vida, sobre as relações entre os homens, associando a isto a diversão.

                 Brecht 


Diversão e conhecimento. Prazer e reflexão, para Brecht, sempre deveriam caminhar juntos. Uma lição que poderia enriquecer o sistema educacional, mas que tragicamente permaneceu ignorada pelos educadores por muito tempo. David Icke, famoso escritor e conferencista  britânico, denuncia este tipo de educação separada da criatividade como um fenômeno que acaba por sobrecarregar um lado do nosso cérebro, de modo que outra parte nossa acaba por se desenvolver muito pouco. Segundo suas próprias palavras:
  


“Isto é o que acontece em nosso sistema de educação. Um doutrinamento. Pois temos dois hemisférios no cérebro. O cérebro esquerdo é onde se encontram as palavras, este mundo como é conhecido. Temos o cérebro direito, onde obtemos a criatividade, a inspiração. O problema é que a educação atual nos faz prisioneiros do cérebro esquerdo. Isto é feito colocando-se informação em nosso cérebro esquerdo através das escolas, cursos preparatórios e universidades. No momento de um exame nos é dito que devemos devolver toda uma informação que nos foi passada. E se nós dizemos corretamente o que já nos foi dito, então passamos no exame. Resultado: somos aplaudidos. Mas qualquer um que tome essa informação e a leve até o cérebro direito, e a devolva, questionando-a, enxergando novas possibilidades, e ponha isto de volta no exame – esta pessoa é vista como uma influência destrutiva para os demais. O que acontece é que: para você converter-se em um doutor, um prestigioso político, um advogado, alguém da mídia; de todas essas áreas que controlam o sistema – os profissionais... Para chegar a isto você tem que passar a sua jovem vida constantemente levando informação até seu cérebro esquerdo, e vomitando essa informação nas páginas do exame. Para converter-se em um professor, tem que passar por este processo, no qual lhe ensinam o que deve dizer aos outros. Todo o sistema gira em sermos prisioneiros do cérebro esquerdo. Se você observa o sistema escolar, as áreas da música e da arte, que estimulam o lado direito, criativo do cérebro, são deixadas constantemente em um segundo plano. E são somente engrandecidos os currículos do cérebro esquerdo. E isto é sistemático. É planejado por pessoas que administram esta realidade. Isto é friamente calculado. Quem planeja tudo isto sabe o que está fazendo.” 

Seguindo o pensamento de Icke, com estes dons como a criatividade, a reflexão, o prazer e a imaginação sendo desestimulados, praticamente massacrados pela mais fria lógica, a Educação veio infelizmente se transformar em uma espécie de grotesco Manticore mitológico, que por trás de falsas boas intenções devora aos poucos as almas. Aliás, é desta forma exata que o Sistema Educacional foi genialmente representado em dois episódios da série de Banda Desenhada conhecida como Livros de Magia, do famoso escritor Neil Gailman. Vejamos esta história e o que ela tem a nos ensinar. 
O Mundo das Fadas e de outros seres fantásticos está morrendo. As árvores estão secando e em seu lugar surgindo desertos. Timothy Hunter, um menino com dons mágicos, acaba encontrando o responsável por tudo. Curiosamente, o indivíduo que está causando a devastação daquele mundo mágico é um professor. Sua figura é inquietante. Pele pálida, longos cabelos vermelhos, um sobretudo preto, boca enorme escancarada com presas afiadas. Em sua mansão, este ser sinistro tem vários alunos que são progressivamente torturados; tornam-se apáticos, quase como que zumbis ao longo do sua “educação”. Pelo pátio e certos lugares da mansão ossos humanos são misteriosamente encontrados.



Com um falar entusiasmado e citações em latim puro, o incomum professor tenta tornar o jovem Timothy Hunter seu aluno. 



Muito interessante é a cena em que o professor leva Timothy para conhecer uma galeria muito incomum. Seres fantásticos, fabulosos, representantes da criatividade e da imaginação, encontram-se mortos e mumificados, transformados em estátuas. Eu simplifico o mundo, diz o professor. Em outras palavras ele quer dizer: “destruo estes seres, sua possibilidade de existir, o lado imaginativo e criativo humano”.



Ao explicar cada ser fantástico de sua coleção, o professor desmente a origem extraordinária de cada um, encontrando explicações racionais e científicas, classificando a existência de todos como “pura lenda”. Em outras palavras, está sempre disposto a negar que algo extraordinário, fora dos padrões já conhecidos, possa existir. A verdade é apenas o que já foi anteriormente catalogado, reconhecido, estudado, e tudo o mais deve se adaptar a isto. Timothy Hunter, contudo, se recusa ser um aluno obediente e se rebela contra o professor, revoltando-se principalmente com o assassinato de todas aquelas criaturas mitológicas, símbolos vivos da imaginação criativa. É então que o professor se transforma, revelando sua verdadeira forma: um monstruoso Manticore, ser mitológico descrito como tendo corpo de leão e cabeça humana. 



  

Timothy não aprendeu sua lição. Não aceitou receber toneladas de informações mortas em seu cérebro esquerdo, não aceitou deixar de refletir, de pensar, de imaginar. Não se deixou tornar um mero repetidor de tudo o que lhe queriam passar. Em resumo, não foi um aluno exemplar. E o que faz o Manticore na história parece refletir toda a atitude de um sistema diabólico que infelizmente têm se manifestado na personalidade e no inconsciente de muitos. O aluno rebelde precisa ser logo parado, detido. E como última alternativa, não vendo mais outra opção, o Manticore decide logo devorá-lo...


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SE OS TUBARÕES FOSSEM HOMEMS – TRECHO
Se os tubarões fossem homens, (...)
Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos. 
         
Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas; nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões.

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Um comentário:

  1. Sem analisar os aspectos diferenciais da educação formalizada de acordo com os sistemas sociais e políticos vigentes em cada nação, uma adoção de métodos simples como a obra de Betty Edwards, "Desenhando com o lado direito do cérebro", já alteraria uma visão apenas focada ao lado calculista da mente. O lado direito precisa da percepção, pura e simples, para desabrochar. No passado, experiências realizadas na cidade de São Paulo pela Professora Doutora da UNESP, Eunice Vaz Yoshiura, em escolas públicas, com exercícios corporais e sensoriais para ativar o hemisfério direito do cérebro melhoraram os problemas de violência e de educação nessas escolas. A percepção completa não é somente uma conquista da Teoria da Comunicação(Semiótica), mas a vivência da construção de percepção criativa. Em ambos os lados do cérebro, podemos, também, desconstruir para refazer a percepção completa, como podemos constatar pelos avanços da Física Quântica. De um modo mais vivencial e completo, mas sem mais alucinógenos ou outras dependências escravagistas e destrutivas,podemos interagir com outras percepções reais do real com as descobertas e práticas do antropólogo Carlos Castaneda.

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